domingo, 28 de janeiro de 2018

Política ou Politicagem ? Os Rumos da Democracia Brasileira


O Que o Rei Momo Tem a Ver Com Isso?

Não haverá eleição para Rei Momo em Salvador, capital do Estado da Bahia, na maior festa popular de rua do Brasil, este ano de 2018. Curiosamente e infelizmente, "bateu" uma leve sensação de futura metáfora para a próxima eleição presidencial que brevemente baterá à porta de nossa política

O medo de uma patética comparação: - Momo, personagem da mitologia grega, representava o deus da ironia e do sarcasmo. Que esse espírito não seja o que irá nos rondar de agora em diante até o dia das eleições, personalização da politicagem. Pior ainda, que não seja a característica principal daquele que ocupará a cadeira presidencial em nosso país, para debochar de todos nós.

Que não sejamos os foliões em transe quase hipnótico, tragados para a festa de Momo em meio à multidão semi-desorientada e que não liga a mínima para isso. Com a democracia brasileira, com os rumos do nosso país, queremos e deveríamos sim estar absolutamente atentos, focados e diligentes, antes que nos chegue uma quarta-feira de cinzas patriótica.











Existe uma melhor opção política no momento?

Precisamos escolher de qual multidão queremos fazer parte, dos absortos ou dos centrados. Ainda que tenha toda a parafernália partidária a minimizar a importância e a essência da democracia, ela e só ela, é a personagem mais importante deste cenário. Longe de momos, campanhas, palanques, folias e urnas, que o destaque seja a senhora jovem,  - mas com desejo de ser madura, a democracia brasileira. 


E para termos democracia, precisamos da política, não de politicagemA Democracia colocada em "humilde" análise aqui, é  aquela que nos representa como cidadãos, como povo, a democracia representativa.  

Politicagem, tristemente,  que é o que se tem feito de ambos os lados no Brasil, por parte do governo e da oposição. Que não sejamos mais marionetes de partidos políticos de qualquer ideologia. 



Os partidos cada vez mais se distanciam do eleitorado, afastando-se por conseguinte da representação ao qual tinham o sentido de existir. Recebem verbas gigantescas, horários gratuitos em tevês, caríssimas consultorias de merchandising político, etc, tornando-se quase "imortais" dado ao tamanho agigantado que apresentam. E onde ficamos nós, pobres mortais eleitores? Cadê nossa autêntica representação?




Política ou Politicagem?

Crermos que ainda podemos ter um regime político em que verdadeiramente sejam os autênticos representantes do povo aqueles que porão em prática as decisões e escolhas populares.

Não para garantir  um "governo do povo, pelo povo e para o povo" (citação do presidente norte americano Abrahan Lincoln dos primórdios da democracia norte-americana),  quase uma ditadura da maioria. 

Mas um governo amplamente mais responsável, transparente, e para toda a população -  sendo o conjunto de todos os cidadãos do país. Todos. Nem só o povo, nem só os "poderosos", como tem sido favorável a estes últimos desde sempre. Dar enfim um verdadeiro rumo político autêntico à democracia brasileira.


O que nós sabemos sobre democracia representativa?

Como quase tudo na vida, a política faz parte da constituição nacional e consequentemente das demais divisões nele existente, - estados e municípios - fazemos  parte da construção do que ocorre (em cada etapa) na administração destas entidades, através do voto, do pagamento de impostos , entre outros meios.



Todas as unidades da Federação estão sujeitas a leis, decretos, diretrizes, regras, estatutos, etc, conforme estabelecido em nossa Carta Magna, nossa Constituição. E os três níveis do governo devem ao povo a administração destas unidades da maneira mais correta, eficiente, clara (transparente - , devemos estar cientes de todas as decisões e resultados); ética, razoável e impessoal (sempre, em qualquer circunstância deve-se ser visar o bem comum).

É preciso ter uma "consciência política"  para cuidar do que é nosso, como zelamos por pormenores em casa. Atitude que deve ser a mesma em relação ao Brasil, pois na verdade, estamos sujeitos à política e fazemos política o tempo todo.

Em quase todos os aspectos da vida do cidadão perpassa o resultado das medidas políticas existentes, e estas precisam deixar de ser sectárias e injustas. Os serviços públicos que temos são resultado do sistema político vigente (excludente e tendencioso). Não podemos dar as costas a isso e deixar que a política vire politicagem nas mãos erradas.


O que um eleitor pode fazer para ajudar o seu país?


Sim, temos, historicamente, uma formação de poder político/econômico e social distorcido, centrado na manutenção do poder econômico, que criou, fomentou, e cristalizou um Estado por assim dizer,  quase "prestador de serviço" às classes ricas - dominantes economicamente - que usaram e abusaram deste trono simbólico em que foram colocados. Estamos fartos disso há muito tempo. Todas as distorções injustas têm de ser reparadas.



Dentre as atitudes a tomar está a de tornar as instituições do Estado fortes o suficientes para serem protegidas de golpes, corrupção, falácias,  abusos de toda sorte que são cometidos com o véu da impunidade ao usar a máquina pública ao bel prazer de cada um. 

Bem como destravar a burocracia eleitoreira oportunista, que trata o eleitor como uma alma penada qualquer à mercê de campanhas cínicas.

Paremos com a perpetuação do poder na política partidária, na economia, na publicidade, na cultura, na sociedade. 

Nos tornemos mais fortes como cidadãos, menos apegados à pessoas falíveis (que se aproveitam de máquinas administrativas frágeis) e mais centrados e focados em ideias, estratégias, ações e resultados. O poder, se existir, deve ser para todos. E o único meio de garantir isso é tornar o governo "cego" e servil à política de um Estado, forte, democrático e imparcial.

sábado, 13 de janeiro de 2018

Capitão Fantástico - É Possível Ser Diferente (de Verdade) Num Mundo Que se Diz Diferente?


Capitão Fantástico é um filme fantástico, com o perdão da redundância. Nos inspira, ao nos remeter a uma chuva de questionamentos que porventura podem já ter passado por nossa mente. Devemos seguir ao pé da letra tudo o que nos ensinam em toda nossa vida desde que nascemos? Sem questionar nada? Repetir e repetir numa repetição sem fim?

Basta, para vivermos "bem", assimilarmos as coisas tal qual nos chegam e pronto? Assim estaremos prontos para a vida? Será? O filme nos propõe estas questões o tempo todo: quem somos nós e o que afinal de contas estamos fazendo aqui, qual nosso propósito nessa bendita terra e em nossa vida?

É uma aventura inacreditável e repleta de inúmeros "testes" de superação que a família do ator Viggo Mortensen (da saga "Senhor dos Anéis") - seis filhos - têm de passar segundo sua maneira de criá-los. Mas será essa uma maneira realmente errada? Qual o propósito dele com essa "educação" totalmente diferente?



Crio meus filhos erradamente? Nos perguntamos em certo momento

Quais os valores da atual sociedade que fariam falta se os abandonarmos? Conseguiríamos sobreviver sem a tecnologia? Ou nos mataríamos de tédio? Somos, de fato, criaturas que sabem utilizar as ferramentas dos direitos humanos e das leis a nosso favor?

Entendemos o nosso cotidiano? Conhecemos o que comemos? Ou ingerimos à la fast food sem sequer ter a mínima noção da origem e feitura/fabricação dos alimentos? O que dizemos às crianças? Verdades esclarecedoras ou mentimos e as enganamos o tempo todo?

As crianças têm uma percepção global do que aprendem na escola? Ou são manuseadas e ensimesmadas? Desenvolvemos ou estimulamos o espírito crítico delas? Com certeza?



Mas o que ganhamos ao irmos contra todo nosso sistema de valores e crenças?

Aí nós mesmos temos que nos perguntar, encontrar nossas respostas e nos ajustar às mudanças que queremos ou nos readaptar à nossa maneira na sociedade existente. Uma resposta só que responda e dê solução à todos os problemas sociais (e pessoais, etc), jamais conseguiremos obter. O embate mundo ideal x mundo real é meio que infindável.

No próprio filme vemos que o protagonista revê suas posições sem abrir mão delas afinal. Há uma jeito para tudo por assim dizer, se não formos totalmente intolerantes e inflexíveis, e nos abrirmos às possibilidades que se avizinham, às vezes sem percebermos ou inesperadamente nos surpreendendo.

Revolução não é  (necessariamente) só pegar em armas e criar guerras?

Ben, o pai, instiga seus filhos a serem constantemente questionadores, analisarem ao invés de apenas responder automaticamente - isso é revolução: sair do mecanicismo e da massificação e tornar-se único e pensante, não um mero reprodutor de ideias padronizadas e malbaratadas.


Não conformar-se, não mesmerizar-se, não à roda-viva cantada por Chico Buarque tão sabiamente : " ... A gente quer ter voz ativa, no nosso destino mandar, mas eis que chega a roda-viva e carrega o destino pra lá ...A gente vai contra a corrente até não poder resistir..."

Quando não compraremos o que nem necessitamos? Quando estaremos satisfeitos com o que temos? Quando vamos controlar nosso destino sem apenas copiar o do vizinho?

Eis que chega "Capitão Fantástico" e sacode a poeira do nosso cansaço e da nossa letargia, da nossa entrega e fraqueza, da nossa quietude e conformidade e nos traz um sopro de renovada energia e vitalidade, nos acorda do cochilo passivo induzido pela introjeção do conformismo às cegas. Aí vem Ben Cash e arranca - docemente e ferozmente - a venda dos nossos olhos.