O Que o Rei Momo Tem a Ver Com Isso?
Não haverá eleição para Rei Momo em Salvador, capital do Estado da Bahia, na maior festa popular de rua do Brasil, este ano de 2018. Curiosamente e infelizmente, "bateu" uma leve sensação de futura metáfora para a próxima eleição presidencial que brevemente baterá à porta de nossa política.
O medo de uma patética comparação: - Momo, personagem da mitologia grega, representava o deus da ironia e do sarcasmo. Que esse espírito não seja o que irá nos rondar de agora em diante até o dia das eleições, personalização da politicagem. Pior ainda, que não seja a característica principal daquele que ocupará a cadeira presidencial em nosso país, para debochar de todos nós.
Que não sejamos os foliões em transe quase hipnótico, tragados para a festa de Momo em meio à multidão semi-desorientada e que não liga a mínima para isso. Com a democracia brasileira, com os rumos do nosso país, queremos e deveríamos sim estar absolutamente atentos, focados e diligentes, antes que nos chegue uma quarta-feira de cinzas patriótica.
Existe uma melhor opção política no momento?
Precisamos escolher de qual multidão queremos fazer parte, dos absortos ou dos centrados. Ainda que tenha toda a parafernália partidária a minimizar a importância e a essência da democracia, ela e só ela, é a personagem mais importante deste cenário. Longe de momos, campanhas, palanques, folias e urnas, que o destaque seja a senhora jovem, - mas com desejo de ser madura, a democracia brasileira.
E para termos democracia, precisamos da política, não de politicagem. A Democracia colocada em "humilde" análise aqui, é aquela que nos representa como cidadãos, como povo, a democracia representativa.
Politicagem, tristemente, que é o que se tem feito de ambos os lados no Brasil, por parte do governo e da oposição. Que não sejamos mais marionetes de partidos políticos de qualquer ideologia.
Os partidos cada vez mais se distanciam do eleitorado, afastando-se por conseguinte da representação ao qual tinham o sentido de existir. Recebem verbas gigantescas, horários gratuitos em tevês, caríssimas consultorias de merchandising político, etc, tornando-se quase "imortais" dado ao tamanho agigantado que apresentam. E onde ficamos nós, pobres mortais eleitores? Cadê nossa autêntica representação?
Política ou Politicagem?
Crermos que ainda podemos ter um regime político em que verdadeiramente sejam os autênticos representantes do povo aqueles que porão em prática as decisões e escolhas populares.
Não para garantir um "governo do povo, pelo povo e para o povo" (citação do presidente norte americano Abrahan Lincoln dos primórdios da democracia norte-americana), quase uma ditadura da maioria.
Mas um governo amplamente mais responsável, transparente, e para toda a população - sendo o conjunto de todos os cidadãos do país. Todos. Nem só o povo, nem só os "poderosos", como tem sido favorável a estes últimos desde sempre. Dar enfim um verdadeiro rumo político autêntico à democracia brasileira.
O que nós sabemos sobre democracia representativa?
Como quase tudo na vida, a política faz parte da constituição nacional e consequentemente das demais divisões nele existente, - estados e municípios - fazemos parte da construção do que ocorre (em cada etapa) na administração destas entidades, através do voto, do pagamento de impostos , entre outros meios.
É preciso ter uma "consciência política" para cuidar do que é nosso, como zelamos por pormenores em casa. Atitude que deve ser a mesma em relação ao Brasil, pois na verdade, estamos sujeitos à política e fazemos política o tempo todo.
Em quase todos os aspectos da vida do cidadão perpassa o resultado das medidas políticas existentes, e estas precisam deixar de ser sectárias e injustas. Os serviços públicos que temos são resultado do sistema político vigente (excludente e tendencioso). Não podemos dar as costas a isso e deixar que a política vire politicagem nas mãos erradas.
O que um eleitor pode fazer para ajudar o seu país?
Sim, temos, historicamente, uma formação de poder político/econômico e social distorcido, centrado na manutenção do poder econômico, que criou, fomentou, e cristalizou um Estado por assim dizer, quase "prestador de serviço" às classes ricas - dominantes economicamente - que usaram e abusaram deste trono simbólico em que foram colocados. Estamos fartos disso há muito tempo. Todas as distorções injustas têm de ser reparadas.
Dentre as atitudes a tomar está a de tornar as instituições do Estado fortes o suficientes para serem protegidas de golpes, corrupção, falácias, abusos de toda sorte que são cometidos com o véu da impunidade ao usar a máquina pública ao bel prazer de cada um.
Bem como destravar a burocracia eleitoreira oportunista, que trata o eleitor como uma alma penada qualquer à mercê de campanhas cínicas.
Paremos com a perpetuação do poder na política partidária, na economia, na publicidade, na cultura, na sociedade.
Nos tornemos mais fortes como cidadãos, menos apegados à pessoas falíveis (que se aproveitam de máquinas administrativas frágeis) e mais centrados e focados em ideias, estratégias, ações e resultados. O poder, se existir, deve ser para todos. E o único meio de garantir isso é tornar o governo "cego" e servil à política de um Estado, forte, democrático e imparcial.