Basta, para vivermos "bem", assimilarmos as coisas tal qual nos chegam e pronto? Assim estaremos prontos para a vida? Será? O filme nos propõe estas questões o tempo todo: quem somos nós e o que afinal de contas estamos fazendo aqui, qual nosso propósito nessa bendita terra e em nossa vida?
É uma aventura inacreditável e repleta de inúmeros "testes" de superação que a família do ator Viggo Mortensen (da saga "Senhor dos Anéis") - seis filhos - têm de passar segundo sua maneira de criá-los. Mas será essa uma maneira realmente errada? Qual o propósito dele com essa "educação" totalmente diferente?
Crio meus filhos erradamente? Nos perguntamos em certo momento
Quais os valores da atual sociedade que fariam falta se os abandonarmos? Conseguiríamos sobreviver sem a tecnologia? Ou nos mataríamos de tédio? Somos, de fato, criaturas que sabem utilizar as ferramentas dos direitos humanos e das leis a nosso favor?
Entendemos o nosso cotidiano? Conhecemos o que comemos? Ou ingerimos à la fast food sem sequer ter a mínima noção da origem e feitura/fabricação dos alimentos? O que dizemos às crianças? Verdades esclarecedoras ou mentimos e as enganamos o tempo todo?
As crianças têm uma percepção global do que aprendem na escola? Ou são manuseadas e ensimesmadas? Desenvolvemos ou estimulamos o espírito crítico delas? Com certeza?
Aí nós mesmos temos que nos perguntar, encontrar nossas respostas e nos ajustar às mudanças que queremos ou nos readaptar à nossa maneira na sociedade existente. Uma resposta só que responda e dê solução à todos os problemas sociais (e pessoais, etc), jamais conseguiremos obter. O embate mundo ideal x mundo real é meio que infindável.
No próprio filme vemos que o protagonista revê suas posições sem abrir mão delas afinal. Há uma jeito para tudo por assim dizer, se não formos totalmente intolerantes e inflexíveis, e nos abrirmos às possibilidades que se avizinham, às vezes sem percebermos ou inesperadamente nos surpreendendo.
Revolução não é (necessariamente) só pegar em armas e criar guerras?
Ben, o pai, instiga seus filhos a serem constantemente questionadores, analisarem ao invés de apenas responder automaticamente - isso é revolução: sair do mecanicismo e da massificação e tornar-se único e pensante, não um mero reprodutor de ideias padronizadas e malbaratadas.
Não conformar-se, não mesmerizar-se, não à roda-viva cantada por Chico Buarque tão sabiamente : " ... A gente quer ter voz ativa, no nosso destino mandar, mas eis que chega a roda-viva e carrega o destino pra lá ...A gente vai contra a corrente até não poder resistir..."
Quando não compraremos o que nem necessitamos? Quando estaremos satisfeitos com o que temos? Quando vamos controlar nosso destino sem apenas copiar o do vizinho?
Eis que chega "Capitão Fantástico" e sacode a poeira do nosso cansaço e da nossa letargia, da nossa entrega e fraqueza, da nossa quietude e conformidade e nos traz um sopro de renovada energia e vitalidade, nos acorda do cochilo passivo induzido pela introjeção do conformismo às cegas. Aí vem Ben Cash e arranca - docemente e ferozmente - a venda dos nossos olhos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Por favor, comente aqui o que você achou deste tema: