segunda-feira, 6 de novembro de 2017

Redação do Enem - Inclusão das Diferenças


                                                   

A despeito de toda a polêmica suscitada, devemos reconhecer a dimensão fundamental que o tema da redação do Enem alcança quando ocorre sua divulgação. Afinal, são cerca de seis milhões de estudantes que prestam o exame, e portanto, esse mesmo número de pessoas são, de certa forma, "obrigadas " a pensar sobre aquele assunto (atual, de cunho social), durante ao menos, quatros horas seguidas. Fora o destaque e repercussão que decorre quando o resto da população toma conhecimento do conteúdo, geralmente atrelado às questões de direitos humanos ligados às desigualdades. Nos últimos anos chamaram nossa atenção os tópicos da Lei Seca, a publicidade infantil, o movimento imigratório,  a violência contra a mulher e, em 2016, o combate à intolerância religiosa. 
                                        


Este ano, deixando pasmos milhares de professores que tentaram exaustivamente fazer seus alunos se prepararem para a prova de redação (exigente e complexa) do Enem, o tema foi compreendido como difícil, de contexto muito diferente do que esperava-se: Desafios Para a Formação Educacional dos Surdos. Específico dentro das abordagens sociais para educação de minorias, geralmente desconhecido pela grande maioria dos estudantes. 


Embora recentemente colocada como disciplina obrigatória para os cursos de formação de professores (as licenciaturas), bem como a incorporação feita por algumas escolas, que já integraram o ensino da linguagem de sinais na carga horária , como também há uma corrente de educadores com intenção de fazer de Libras uma disciplina obrigatória nas escolas de educação infantil e ensino fundamental. Ainda assim, certamente a inclusão social do surdo não é uma das conversas mais populares nos bate-papos.


                                 

15 milhões de surdos no Brasil                                                                                                                

Segundo as estatísticas oficiais, há em torno de 15 milhões de surdos no Brasil, não é um número pequeno. E que outro tipo de grande visibilidade poderia encontrar essa comunidade no cotidiano?  Certamente nenhuma, diante de uma sociedade cada vez mais excludente, preconceituosa, discriminatória, dura, apática e não empática com as causas humanitárias. Situação a anos-luz do tratamento corriqueiro que naturalmente dispomos aos interesses beneficentes, às necessidades de inclusão da diversidade, cada vez maiores. Interessante o fato de que, finalmente, de alguma maneira, esta pauta seja "forjada", para que, em 25-30 linhas discorra-se sobre isso, e preferencialmente (desejando-se passar na prova) deve-se tratar de maneira respeitosa o objeto da análise em questão, tratando-o como conteúdo de importância social.                                                      
                                                               
Quais os desafios para a formação educacional dos surdos no Brasil?                                                  

Não é mais o futebol, nem o carnaval, nem as celebridades. Ali, naquele momento, uma minoria (!15 milhões?) com parcos direitos e representatividade, ganha uma voz emprestada, é notada, tem visibilidade, recebe, precariamente ou não, a atenção merecida pela sociedade brasileira em larga escala. De excluídos no mercado de trabalho, nos meios de comunicação, nas políticas públicas, pagamos para ver durante algum tempo, alguns daqueles que compõem a base da pirâmide, se destacarem e serem vistos, deixam de ser invisíveis, saem da extrema desimportância para adquirir relevância.



                                 

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Por favor, comente aqui o que você achou deste tema: